Para Profissões
Ao cantor de Blues
Querido (nome),
minha vida estava numa balada tão tristinha e
entediante... ainda bem que você apareceu!
Sabe, eu já estava cansada de passar as noites
sozinha, tendo apenas aquele velho e bom disco da
Billie Holiday para me fazer companhia.
Olha, apesar de te conhecer há tão pouco tempo,
sempre sonhei em encontrá-lo... Enquanto você
estava vagando pela noite, levando a vida na
flauta; ou melhor, ganhando a vida na gaita, eu
improvisava o meu dia-a-dia tocando em semitons,
em "blue notes", naquele "blue mode"
característico de quem é sensível para perceber
intensamente o belo, mesmo diante da melancolia e
dos desamores diários.
Tenho a impressão de te conhecer desde que Mammie
Smith gravou "Crazy Blues", em 1920 (ehehehe...),
mas como nem mesmo a minha avó era nascida naquela
época, me convenço de que nos conhecemos mesmo há
pouco tempo.
De qualquer maneira, sinto que rola muita
afinidade entre nós. Fico mesmo com vontade de te
convidar para um showzinho do Nuno Mindelis, do
André Christovam ou do Blues Etílicos mas, se você
estiver cansado ou indisposto, podemos ficar aqui
em casa ouvindo B.B.King e degustando um belo
Bourbon, o que acha?
Sei que você é louco por Blues e sei também que,
se o Blues proporcionou o surgimento do jazz e
continua a exercer grande influência em toda a
música pop, não me custaria nada deixar que você,
um cantor de blues, exercesse grande influência
sobre mim!
Uma última palavrinha: não sou a Lucille, mas sou
capaz de encher os seus ouvidos com alguns sons
maravilhosos!
Um beijo da
(assinatura)