Para Profissões

Ao hoteleiro

Meu querido (nome),

acho que você não poderia ter outra profissão, pois eu nunca conheci alguém tão atencioso e solícito assim. Sempre que eu preciso de você, você está por perto e, mais importante, sem fazer alarde.
O melhor é que eu sei que isso tudo não foi aprendido na escola, mas é inerente à sua natureza gentil. Percebo, em suas atenções, que não há nada de forçado ou formal, mas que você sempre me atende com boa disposição e alegria, seja ao telefone ou pessoalmente, como que adivinhando as minhas necessidades, desejos e carências.
Essa atvidade hoteleira deve ser muito divertida, não é mesmo? Gente do mundo todo, culturas diferentes, aprendizado constante, uma viagem sem sair do lugar... Ou será que eu estou enganada, e que na verdade isso deve ser um horror, com chatos do mundo inteiro se reunindo exatamente no seu local de trabalho, transformando o seu dia-a-dia numa imensa torre de babel?
Bem, no fundo, deve ser legal, senão você não viveria assim, tão bem humorado e disposto, tendo prazer em ouvir, falando com calma e solicitude, arrumando a mesa com o maior carinho (especialmente para mim, é claro!), e sempre pronto a providenciar qualquer coisa que falte, com a competência e a discreção do melhor dos conciérges.
Mas, quer saber de uma coisa, meu querido hoteleiro: hoje, pelo menos hoje, esqueça a sua função atual, aquela que você exerce formalmente, registrada em Carteira de Trabalho... eu sei que você pode gerenciar a rede de hotéis inteira com a mesma competência com que lustra talheres de prata, mas hoje eu quero que você assuma as funções de camareiro e, depois de arrumar a minha cama, não abandone o meu quarto até que nós a desarrumemos outra vez.

Um beijo da sua
(assinatura)