Declaração a uma Advogada II

Doutora,

espero que aquilo que eu vá lhe dizer não seja nenhuma contravenção e nem mesmo um ilícito penal, mas estou completamente apaixonado por você. Sabe, seria capaz de raptá-la. Não, não do jeito que o rapto está previsto no código civil, que é manter em cativeiro mulher de bem para fins libidinosos. Minhas intenções são muito puras e o que eu quero dizer é que gostaria muito de, em comum acordo, vir a constituir um novo núcleo familiar consigo. Isso mesmo, estou lhe fazendo uma proposta de matrimônio, de nos unirmos perante a lei.
Sabe, muito tempo procurei por alguém como você. Anos a fio percorri o mundo e o submundo atrás da pessoa ideal para suprir as minhas necessidades mais básicas, pensando sempre que quando encontrasse este ser perfeito, me dedicaria de corpo e alma para também fazê-la feliz. Finalmente posso dizer que a minha mais penosa investigação acabou. Agora que eu conheci pessoalmente este seu maravilhoso corpo jurídico, passei a acreditar que poderemos ser muito felizes juntos, e eu até me disponho a colaborar com o seu trabalho, por exemplo: você poderia me mostraria alguns artigos daqueles bem cabeludos que eu não conheço, mas posso imaginar, enquanto eu lhe teria o maior prazer em introduzir alguns incisos para enriquecer as suas defesas.
Querida doutora, serei capaz de lutar até a última instância para convencê-la de que você é aquele alguém com quem eu sempre sonhei, aquele alguém que possa defender os meus interesses como se fossem propriamente seus, que possa avocar para si as minhas culpas e, a partir do momento em que a nossa união for de fato e de direito, faça tudo isso sem cobrar honorários!

Um beijo inocente do
(assinatura)