Rompimento

Já não agüento mais.

(nome),

procurei ser paciente e bondoso, mas já não agüento mais. Essa sua mania de ficar com ódio da humanidade e descarregar suas frustrações em cima de mim se tornou algo insuportável. Não sei se você é capaz de perceber o quanto você tem sido injusta. Você reclama comigo, às vezes, com razão, e sem razão quase sempre.
Vou dar exemplos: se eu deixo um par de meias em lugar inadequado, você reclama com razão. No entanto, a sua maneira de reclamar é que me parece exagerada. Você grita como se o mundo estivesse acabando, faz o que o povo costuma chamar de "tempestade em copo d´água". Agora, um exemplo do que é reclamar sem razão: se você me pede para comprar um determinado shampoo e eu, por acaso, não encontro sua marca preferida e compro outra, você grita. Se eu me esforçar um pouco mais e sair procurando aquele que você realmente gosta, você grita porque eu demorei. Então, minha cara, acho melhor você começar a gritar sozinha, porque os meus ouvidos não suportam mais tanto mau humor.
Para ser justo, há momentos, às vezes horas seguidas em que você não grita, mas apenas fica a lamuriar-se pelos cantos, num baixo astral que já não dá nem mais pena, dá raiva. Quando chove, você choraminga porque "o carro estava tão limpinho", se não chove você diz que "com toda essa poeira é impossível respirar", e diz que não agüenta mais esta cidade.
Sabe aquela hiena do desenho animado, que fica o tempo todo a dizer "Oh céus, óh vida, óh azar...", pois bem: você se parece com ela. A diferença é que no desenho animado tem graça, enquanto no dia-a-dia, "na vida real", não há cristão que agüente.
Tente ser um pouco mais feliz, mas sem mim, porque eu estou indo embora.

Tchau,
(assinatura)